domingo, 2 de março de 2014

É Carnaval...




Soneto de carnaval...

 Distante o meu amor, se me afigura 
 O amor como um patético tormento 
 Pensar nele é morrer de desventura 
 Não pensar é matar meu pensamento. 

 Seu mais doce desejo se amargura 
 Todo o instante perdido é um sofrimento 
 Cada beijo lembrado uma tortura 
 Um ciúme do próprio ciumento. 

 E vivemos partindo, ela de mim 
 E eu dela, enquanto breves vão-se os anos 
 Para a grande partida que há no fim 

 De toda a vida e todo o amor humanos: 
 Mas tranqüila ela sabe, e eu sei tranqüilo 
 Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

_____ Vinicius de Moraes/Oxford, carnaval de 1939 *

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